domingo, 11 de dezembro de 2011

Módulo 3: Políticas Públicas e Raça

Módulo 3: “Políticas Públicas e Raça”.



 O fim da escravidão no Brasil, não foi fator decisivo para que os negros e as negras pudessem gozar de direitos e terem condições de vidas mais condizentes com a realidade. Ao longos dos anos, pouco s espaços foram dando conta de comportar políticas afirmativas para a população negra.

E tampoucos, os mínimos espaços deram conta de suprir, as reais necessidades da população negra. Neste módulo pudemos ir percebendo como as principais armas de luta pela promoção da igualdade racial foram sendo desenhadas ao longo do processo.

Cultura, política e luta foram se emanharando de forma a garantir que o movimento negro resistisse ao longo dos anos e pudesse se fazer presente no agendamento e pautamento de tais políticas públicas que pudessem dar equidade à população negra.




E ainda que possamos notar que há uma luta histórica pela conquista de uma maior participação social para as minorias, as hierarquias de raça são percebidas em vários setores de nossa sociedade, incluindo a escola, cabendo aos movimentos sociais tencionar essas relações buscando a superação do racismo e o respeito à cultura e à diversidade como um todo.

Nesse sentido, é nesse módulo que foi possível erudir a possibilidade da Democracia Racial, pois as hierarquias de raça são percebidas em vários setores de nossa sociedade, incluindo a escola, cabendo aos movimentos sociais tencionar essas relações almejando a superação do racismo e o respeito à cultura e à diversidade como fatores de incompletude de todos os seres humanos.



Separamos alguns conceitos (Todo o material é riquíssimo, mas selecionamos aqueles que mais nos identificamos) abordados ao longo das 4 unidades desse módulo:



- Antropometria Lambrosiana:
Teoria que relacionava caracaterísticas como: mandíbulas grandes, pele escura dentre outras coisas à características corporais de deliquententes. Ou seja, uma das primeiras ideias que alavancou a segregação ao “negro”.

- Democracia Racial:
Expressão utilizada para expressar a Crença que o Brasil “exportou” da situação racial no país. Alguns relatos e a ideia principal podem ser melhor assimiladas com a leitura de “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre.

- Mobilidade Ascendente:
Mobilidade Ascendente é a transição de indivíduos ou grupos de uma classe social para outra. Podendo ser “Intrageracional” (Numa mesma geração – Inicio e fim de suas carreiras) ou “Intergeracional”(Em gerações seguintes). Ela se torna “ascendente” porque os indivíduos passam de uma classe social mais baixa para mais alta. 
 
- Autonomização:
Forma pela qual se governa e reproduz suas próprias leis de forma independente sem intervenção externa.

- Imprensa Negra:
jornais que nas primeiras décadas do século XX publicavam matérias que incentivam a união da população negra, denunciavam o racismo, afirmavam direitos políticos, econômicos, sociais e culturais de negros e negras, dentre outros;


- Formas de atuação antirracistas:
...enfrentamento público das manifestações preconceituosas daqueles que impediam os/as descendentes de africanos/as de exercerem seus direitos sociais e civis”. (Heilborn, et al, 2010, p. 173)

- Espaços próprios de sociabilidade:
Espaços de lazer que permitiam que negros/as se divertissem sem ter que passar por qualquer constrangimento em virtude de preconceito racial;

- Frente Negra Brasileira:
Pólo divulgador do antirracismo constituído em São Paulo entre os anos 1931-1937 e que depois se expandiu para diversos estados brasileiros, inclusive o Estado do Espírito Santo. Esta organização tinha como objetivo especialmente dar assistência aos que eram visivelmente desamparados;

- Elites Negras:
Denominação dada por estudiosos para os negros/as que compunham a direção da frente negra brasileira porque era composta de cidadãos/ãs que tiveram ascensão social, diferentemente da massa de trabalhadores/as que viviam nos baixos estratos sociais. Diferenciavam-se no nível educacional e alguns deles exerciam profissões liberais;

- Nazismo:
Movimento político liderado por Hitler na Alemanha que vitimizou milhares de pessoas por uma questão racial. Dentre as vítimas deste regime destacam-se os judeus;

- Fascismo:
Movimento político de igual caráter, liderado por Benito Mussolini na Itália;

- Holocausto:
Sacrifício de milhares de vidas humanas em virtude de movimentos tais como o Nazismo e o Fascismo;

- UHC:
União dos Homens de Cor: Grande Rede social que mobilizava contra o racismo em nosso país, segundo, Joselina Silva (2005).

- TEN:
Teatro Experimental do Negro: Tinha como um dos seus principais expoentes do Povo negro, recentemente falecido, Abdias do Nascimento. Era uma articulação que a partir do teatro trabalhava na perspectiva de afirmar a identidade de negros/as, valorizando suas ancestralidades, na perspectiva de inserir toda esta população na comunidade brasileira, em todos os seus aspectos;

- Embranquecimento social:
Processo de inclusão de negros e negras no mundo de brancos/as abrindo mão da cultura dos povos afro-descendentes.

- Conselho Nacional das Mulheres Negras:
Foi fundado em 1950 pela Assistente Social Maria de Lurdes Vale do Nascimento com objetivo de discutir questões relacionadas as crianças e as mulheres. Este conselho tinha na sua estrutura um departamento jurídico com objetivo de ajudar negros/as na afirmação de sua cidadania, através de documentos tais como carteira profissional, certidão de nascimento, além de oferecer também assistência jurídica aos necessitados (Schumaher e Brazil, 2007).

- Consciência Negra: 
Esta categoria que afirma o despertar crítico de negros e negras brasileiras, foi construída num campo interpretativo que permitia a participação dos intelectuais marxistas e assim como podia importar conteúdos dos negros/as norte americanos (Ortiz, 1985);


- Papel do racismo na estruturação de classes sociais:
Oferecer mecanismos para recrutar para as posições de estratificação social. (Gonzalez, 1979)

- Tripla discriminação:
A condição que vivia a mulher negra Brasileira, segundo Gonzalez (1979) confinada em papeis e lugares sociais restringidas aos serviços sexuais, ao trabalho manual em casas de família;

- Ações do governo Lula:
Promulgação da Lei que instituiu o estudo da história da África e dos Afro-brasileiros e a criação da Secretaria para a Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)


- Perfil da Militância contemporânea:
Profissionalização das organizações e dos militantes; pessoas com mais formação acadêmica; especialização em certas demandas sociais, destacando-se educação, saúde, trabalho, comunicação, advocacia em direitos humanos, etc.



Fonte:
CARNEIRO, S.; SANTOS, A. G.; COSTA, A. G. Mulher Negra/política governamental e Mulher. São Paulo: Nobel/Conselho da condição feminina.
CARNEIRO, S. Mulheres em Movimento. Estudos Avançados. São Paulo, v.17. n.49. set./dez.2003.
D’ADESKY, J. Pluralismo Ético e Multiculturalismo: Racismos e anti-racismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2001.
DOMINGUES, P. A insurgência de ébano: História da Frente Negra brasileira(1931-1937), 2005, 341 f. Tese(Doutorado em História) – Faculdade de filosofia, Ciências e letras, USP, São Paulo, 2005;
GONZALEZ, L. A mulher negra na sociedade brasileira. In: LUZ, M.(Org.) Lugar da Mulher:estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro:Graal, 1982, p. 87-106.
HEILBORN, Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia. (Org.) Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras: Uma agenda contra o racismo. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasilia:Secretaria de Política para as mulheres, 2010.
ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1985.
ROLAND, E. O Movimento de Mulheres Negras Brasileiras: desafios e perspectivas. IN: GUIMARÃES, A.S; HUNTLEY, L (orgs.) Tirando a Mascara – ensaios sobre o racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
SCHUMAHER, S.; BRAZIL, É. Mulheres negras do Brasil. Rio de Janeiro: SENAC, 2007.
SILVA, Joselina. União dos Homens de Cor: uma rede do Movimento social negro após o Estado Novo, 2005, 204 f. Tese (Doutorado em Ciências sociais). UERJ, Rio de Janeiro, 2005.
- Sites:

Banco de Imagens:
Foto 1: http://migre.me/76Gq1
Foto 2: http://migre.me/76GtF
Foto 3: http://migre.me/76GuU


Tá na mídia...

O grupo trabalha especificamente a condição da mulher negra, no município de Domingos Martins. Porém, o grupo não se refutou em analisar outros dados à nivel regional e Nacional.

Pesquisamos na internet a relação entre: Mercado de Trabalho X Mulheres Negras, encontramos algumas notícias e artigos bem interessantes.

E pra quem tá na rede, o verbo do momento é “Compartilhar”!




Obs.: A dupla discriminação que o instituto se refere está na condição de ser ao mesmo tempo “mulher” e “negra”.





- Artigo produzido por Giselle Pinto





5 - “Mulher negra:dupla discriminação nos Mercados de Trabalho Metropolitanos” - Conteúdo (Matéria) do site Mídia Independente.




Outras notícias ...





- “Racismo no Colégio Anhembi Morumbi – Estagiária forçada a alisar o Cabelo para manter 'Boa Aparência' :




- “Mulher Negra” - Texto produzido pelo Webartigos sobre a temática mulher negra




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Banco de Imagens: 
Foto 1: http://migre.me/76FS8

O Censo 2010 X Domingos Martins

O Censo 2010 x Domingos Martins
João José Barbosa Sana*

A idéia de produzir um pequeno texto com base nos dados do Censo 2010, surgiu quando indagávamos se em Domingos Martins seria tão somente uma cidade de colonização alemã e italiana e, por conseguinte, quase inexistente os traços de povos afro-descendentes. Num primeiro momento, circulando pela cidade, temos a impressão de que só teríamos pessoas de cor branca. Porém, como veremos em seguida, os dados do censo 2010 nos mostra outra realidade, em principio, não muito vista do município.

Em principio, segundo informações que obtivemos no sitio do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), a cidade de Domingos Martins teria se originada a partir da colônia de Santa Isabel, fundada em 1847, através da instalação de 47 famílias de imigrantes oriundos da Prússia Renana, totalizando 163 pessoas. Eles rapidamente progrediram investindo em atividades primárias, tais como o plantio de cereais e café.

Posteriormente outro grupo de colonos se agrupou nas redondezas, nos distritos de Araguaia e Aracê. Este grupo foi composto por Italianos. A partir de 1921 o município passou a denominar-se domingos Martins em homenagem a José Martins, que participou da revolução pernambucana e que foi fuzilado na Bahia em 1817.

O Município conta hoje com os distritos de Aracê, Biriricas, Campinho (sede), Melgaço, Pedra Azul e Santa Isabel. O Município de Marechal Floriano, já foi um distrito de Domingos Martins. 


Ao dialogar com algumas pessoas da região, tomei conhecimento de que existe um movimento em prol da emancipação de uma região de Domingos Martins. Os movimentos emancipatórios, da referida região, reivindicam que o município seja “batizado” com o nome de “Pedra Azul de Aracê”.

Atualmente o municipio tem uma área territoral de 1.225,331 Km2 e uma densidade democráfica de 25,99 habitantes por Km2. Devemos registrar também que segundo os dados do Censo 2010, 24,3% da população encontra-se na zona urbana do município e 75,7% na zona rural.

Expostas algumas informações sobre aspectos históricos da cidade, cumpre agora adentrarmos nas informações que o Censo 2010 nos possibilita. Destaca-se também, que o foco dessa leitura terá como eixo a preocupação de observar os resultados tendo como referência a cor ou a raça declarada pela pessoa.

É relevante destacar que o IBGE investiga a cor ou raça declarada pelas pessoas, oferecendo às seguintes alternativas, as quais passamos a transcrever literalmente como se encontra no documento Indicadores Sociais Municipais – IBGE (2010): - Branca – para a pessoa que se declarou branca; - Preta – para a pessoa que se declarou preta; - Amarela – para a pessoa que se declarou de cor amarela(de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana, etc); - Parda – para a pessoa que se declarou parda; ou Indígena – para a pessoa que se declarou indígena ou índia.

Sobre a população

Atualmente a população de Domingos Martins totaliza 31.847 pessoas, assim recenseadas segundo o gênero: 15753 mulheres e 16094 homens. Os dados registraram as seguintes informações sobre o quesito raça/cor, dos habitantes de Domingos Martins: homens e mulheres que se declaram brancas totalizam 22.852 pessoas; os/as que se declaram pretos/as totalizam 920 pessoas e os/as que se declaram pardos/as totalizam 7927 pessoas. E, considerando que levando em considerando o quesito raça/cor, somando-se os que se declaram pretos/as e os que se declaram pardos/as totalizam 8.847 pessoas afro-descendentes, ou seja, um percentual de população que supera 25% da população total do município.

Em seguida apresenta-se outros dados considerando também o objetivo desse nosso módulo de estudo que discute políticas públicas e raça.

Devemos também igualmente destacar e perceber que as informações apresentadas à seguir, não são informações desagregadas e específicas de Domingos Martins, mas informações que levam em consideração a situação média de municípios com população entre 20001 e 50000 habitantes. Vamos a elas:
  1. A razão entre o rendimento médio mensal de brancos e preto é de 1,8; entre branco e pardo é de 1,7, entre branco e pessoas de cor amarela é de 1,2 e entre brancos e indígenas é de 2,1;
  2. A taxa de analfabetismo entre pretos/as com 15 anos ou mais é de 24,7%; entre pardos é de 20,1% e entre brancos/as 10%;
  3. O rendimento nominal mensal médio do homem é R$956,00 e das mulheres é de R$650,00.
Considerações sobre os dados apresentados:

Ao contrário, do que muita gente imagina Domingos Martins não é só terra de descendentes de Alemães e Italianos, mas é terra também de Afro-descendentes.

Considero que existe uma grande probabilidade de que, à medida que desagregarmos os dados do Censo, e analisarmos as informações de Domingos Martins todas as informações acima se confirmem, ou seja:
  1. O rendimento das pessoas brancas é maior do que das pessoas pretas e pardas;
  2. A taxa de analfabetismo entre pretos e pardos é maior do que entre brancos
  3. Os rendimentos dos homens são maiores do que os rendimentos das mulheres.
Isto posto, considera-se que existe demanda por políticas públicas de gênero e políticas públicas de promoção da igualdade racial. Daí, que consideramos relevante que o nosso curso esteja cumprindo o seu papel social de sugerir políticas públicas de gênero e raça nos municípios que são sede dos pólos de educação a distância. Desta forma, pensamos que a Universidade Federal do Espírito Santo colabora com a sociedade na perspectiva da promoção da paz e da justiça social.

Nesta data, em que celebramos os 63 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos consideramos um dever nosso resgatar a dívida da sociedade brasileira com setores sociais que se encontram em situação de maior vulnerabilidade, destacando-se, os povos afro-brasileiros, que ainda carecem do acesso pleno aos direitos da cidadania.

Referências:
  1. BRASIL. Indicadores Sociais Municipais: Uma análise dos resultados do Universo do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.
  2. BRASIL: Censo 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Acesso: www.ibge.gov.br, acesso em 10.12.2011.


* Membro do Grupo 1 . É Professor, Pedagogo, Filósofo, Mestre em Educação e atualmente Secretario de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória - ES.